quinta-feira, 10 de março de 2011

Terceiro Banheiro


A proposta de criar um banheiro específico para travestis divide opiniões. A ideia é da vereadora Gimena Abonassar, 25, de San Martín (Argentina). Segundo a jovem, o grupo é vítima constante de violência e abusos por utilizarem os banheiros masculinos. Gimena propõe a instalação do terceiro banheiro nas discotecas e boates que este público frequenta, pois só assim eles estariam seguros.
Vice-presidente da Associação dos Travestis do Espírito Santo (Astraes), Alexia França discorda: um homem travestido de mulher deve frequentar o banheiro feminino. “Nós nos produzimos, mudamos nosso corpo colocando silicone e tomando hormônios, queremos e devemos ser tratadas como mulheres”, afirma.
A posição também é apoiada pelo secretário de Cidadania e Direitos Humanos de Vitória, Eliézer Tavares. “Até hoje não tivemos problemas com travestis usando o banheiro feminino, até porque os sanitários são individuais e fechados, diferentemente do masculino”, frisa.
A vereadora argentina, por sua vez, afirma que muitos pais estão se queixando do incômodo de suas filhas em compartilhar o mêsmo sanitário. A opção de um terceiro banheiro, entretanto, não é aceita pelos travestis. “Isso seria uma grande discriminação, daqui a pouco vão querer criar uma cidade só para a gente”, contesta Alexia, da Astraes. Para Eliázes, “O que a sociedade precisa entender é que elas realmente se tornaram mulheres, independente do sexo biológico”, destaca.
Polêmica brasileira
Desde o fim de maio, a estudante de direito Adrielly Vanportt, de 32 anos, não corre mais o risco de ser chamada por um nome masculino – que ela não gosta de revelar -, mesmo com a aparência de mulher. Aluna da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), ela comemora as medidas adotadas pela universidade em prol da sociedade homossexual. Entre elas, a adoção do nome social de travestis e transexuais na lista de chamada das aulas.
A decisão veio depois da 1ª Conferência Estadual de Políticas Públicas para GLBT (Gays, Lésbicas, Bissexuais e Travestis), em que a universidade se comprometeu a liberar o acesso de travestis e transexuais a banheiros femininos, além de garantir aos homossexuais que seus parceiros os acompanhem em consultas, exames e internações no Hospital Universitário Pedro Ernesto.
Terceiro banheiro?
Na Tailândia, certamente apoiariam a vereadora argentina. A escola Kampang, no nordeste do país, realizou uma pesquisa no último semestre que mostrou que mais de 200 de seus 2,600 alunos se consideram travestis, afirmou o diretor da escola Sitisak Sumontha.
Assim, quando voltaram às aulas, a escola inaugurou um banheiro unissex representado por uma figura humana dividida ao meio, metade homem em azul e metade mulher em vermelho. Abaixo do símbolo se lê: “Banheiro Travesti”.A reação da comunidade travesti foi positiva: “Eu fiquei muito feliz com isso”, disse Vichai Sangsakul, um adolescente com cabelos longos e mechas cor-de-rosa. “Ir ao banheiro das mulheres não parece certo. O que as pessoas iriam pensar?”

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